quinta-feira, 22 de maio de 2008

Arnaldo Jabor sobre o RS- Eu tenho orgulho de ser gaúcha!!!



Pois é.

O Brasil tem milhões de brasileiros quegastam sua energia distribuindoressentimentos passivos.

Olham o escândalo na televisão eexclamam 'que horror'.

Sabem do roubo do políticoe falam 'que vergonha'.

Vêem a fila de aposentadosao sol e comentam 'que absurdo'.

Assistem a uma quase pornografiano programa dominical de televisãoe dizem 'que baixaria'.

Assustam-se com os ataques dos criminosos e choram 'que medo'.

E pronto!

Pois acho que precisamos de uma transição 'neste país'.

Do ressentimento passivo à participação ativa'.Pois recentemente estive em Porto Alegre,onde pude apreciar atitudes com as quaisnão estou acostumado, paulista/paulistano que sou.

Um regionalismo que simplesmente nãoexiste na São Paulo que, sendo detodos, não é de ninguém.

No Rio Grande do Sul,palestrando num evento do Sindirádio, uma surpresa.

Abriram com o Hino Nacional.

Todos em pé, cantando.

Em seguida, o apresentador anunciou o Hino do Estado do Rio Grande do Sul.

Fiquei curioso.

Como seria o hino?

Começa a tocar e, para minha surpresa,todo mundo cantando a letra!

'Como a aurora precursora /do farol da divindade, /foi o vinte de setembro /o precursor da liberdade '.

Em seguida um casal, sentado do meu lado,prepara um chimarrão.

Com garrafa de água quente e tudo.E oferece aos que estão em volta.

Durante o evento, a cuia passa demão em mão, até para mim eles oferecem.

E eu fico pasmo.

Todos colocando a bocana bomba, mesmo pessoas que não se conhecem.

Aquilo cria um espírito decomunidade ao qual eu, paulista,não estou acostumado.

Desde que saí de Bauru,nos anos setenta, não sei mais o que é 'comunidade'.

Fiquei imaginando quem é que sabe cantaro hino de São Paulo.

Aliás, você sabia queSão Paulo tem hino? Pois é...Foi então que me deu um estalo.

Sabe como é que os 'ressentimentos passivos'se transformarão em participação ativa?

De onde virá o grito de 'basta' contraos escândalos, a corrupção e o debocheque tomaram conta do Brasil?

De São Paulo é que não será.

Esse grito exige consciência coletiva,algo que há muito não existe em São Paulo.

Os paulistas perderam a capacidadede mobilização.

Não têm mais interessepor sair às ruas contra a corrupção.

São Paulo é um grande campo de refugiados,sem personalidade, sem cultura própria, sem 'liga'.

Cada um por si e o todo que se dane.

E isso é até compreensível numacidade com 12 milhões de habitantes.

Penso que o grito - se vier - só poderá partir das comunidades que ainda têmessa 'liga'.

A mesma que eu vi em Porto Alegre.

Algo me diz que mais uma vez os gaúchosé que levantarão a bandeira.

Que buscarãoem suas raízes a indignação que não seencontra mais em São Paulo.

Que venham, pois.

Com orgulhome juntarei a eles.

De minha parte, eu acrescentaria, ainda:'...


Sirvam nossas façanhas, de modelo a toda terra...'

Arnaldo Jabor

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